terça-feira, 3 de maio de 2011

Perdoem-me os regiamente pagos, os que acordam cedo, os que dormem com os galos; os emoldurados, os embalsamados, os maquinários e maquinistas. Que o perdão me seja concedido pelos ocupantes dos ônibus lotados, e pelos senhores de suas ferraris bem compradas, além dos enlatados, os engomados, engravatados e os (porque não?) dados, vendidos, emprestados, rendidos, fudidos, vendados. Peço perdão, pelo espelho, aos que ajeitam orgulhosos o último fio teimoso do cabelo, aos desavisados do que é verdade, aos perdidos, aos achados, aos amadores da rotina, aos pais de família, aos que pagam impostos, aos que roubam impostos, aos que ganham, aos que ficam. Aos motoristas de táxi, aos padeiros, e especialmente a esses...
Perdoem-me os cortadores de grama, os arruaceiros de plantão, os tatuadores, os funcionários públicos, os engenheiros, e toda sorte dos que se ocupam: domadores de cavalo, doceiros, marmiteiros, chefes de casa e de cozinha, atarefados, abastados e reféns temporais, que hoje eu só quero ver o dia passar, assim, me assobiando lindo.