quinta-feira, 21 de janeiro de 2016

Eu sei bem do seu olhar pro horizonte e de todas as nuances que ele pode ter. De tudo o que pode representar. Sei de quando você sorri sem barreiras, como que me entregando a vida nas mãos - toma, me faz feliz assim todos os dias. E então eu faço. Guardo aquilo como o mais precioso que possa existir e todos os dias eu o acaricio um pouco, e aquilo me enternece...Você não sabe, mas ter me dado aquele sorriso me faz hoje uma pessoa melhor. Meticulosa, cuidadosa. Ando com medo de tropeçar e deixar o meu tesouro cair e se partir, e então eu vou pé ante pé, e calculo tudo pra que você seja sempre bem cuidada. Pra que aquele sorriso nunca deixe de existir, lindo, inteiro, resplandecendo dentro de mim e iluminando o meu mundo.
Teve aquele outro dia também em que você me olhou com aquela carinha de quem nunca recebeu um mimo na vida e me pediu o melhor pudim do mundo...esse é outro dia que não esqueço nunca mais. Eu sei que num segundo você devorou aquela fôrma inteira, mas o tempo que eu levei pra fazer aquilo foi essencial pro nosso amor. Você não sabe, né? Ali eu coloquei tanta vontade de te fazer feliz que acabei deixando tempo demais e queimando a calda. Mas você comeu tudo achando uma beleza, e então foi mais bonito do que eu poderia prever. Aquele dia você devorou a minha intenção de te fazer feliz, ainda que alguma coisa tenha se perdido pelo caminho...
Sinto como se estivesse aqui, dormindo do meu lado, com a perna entre as minhas. De alguma forma eu te sinto. E sei que nessa madrugada fria você compartilha comigo esse vazio, algumas lembranças e muito amor.

terça-feira, 19 de janeiro de 2016

começar pelo fim, ou terminar o recomeço?

Noite alta e eu me pergunto: -Por que!?
Queria eu reler as entrelinhas da sua íris e te fazer sorrir com todo nosso reprise
Mas é que agora eu sinto que é tarde
(a madrugada é que dá a toada
ou o cansaço que bateu demais e ainda arde?)

Eu já não sei quem sou quando você se dá assim: um dia de um jeito, e no seguinte, do avesso. A esperança se petrifica, seca, na minha mão e ainda doem os meus ouvidos. Foram muitas promessas de uma vez, você sabe, impossível seria se não tivessem me doído.


Mesmo em você eu estive só. Na solidão que só conhece quem acredita que o melhor vem logo vindo - e espera, primeiro sorrindo, depois com a boca muda, os olhos mudos, o coração quase fugindo.

Hoje sou o passado em mim, um prato frio. Sou o café esquecido de um descaminho. 


Ai, menina...onde nos separamos? quando o "pra onde vamos?" me fez pestanejar?

Quando foi que a gente se perdeu do que já fomos e nos tornamos tão superficiais? Qual foi a parte de mim que voce mudou e qual parte de você eu mudei, nesse processo longo (e louco?) que só nos fez mal?
Será que não eram nessas partes que estavam os motivos pelos quais nos apaixonamos um dia? Será que a gente não matou o mais bonito num grande efeito colateral?

Um algo em mim morreu de morte matada e não sei se isso eu posso ressuscitar
Minha cabeça gira em torno de mim, como se estivesse fora do corpo
e eu me vejo enlouquecendo querendo te perguntar:
o ocre do anoitecer é o nosso amor que vai morrendo
ou a manhã traz ainda a chance da gente se reinventar?