sábado, 20 de abril de 2013

De mim

Essas noites em claro ainda vão me levar
à loucura ou à solidão.
Eu sou uma perdida nas horas,
A que gosta do perigo, do inóspito, do frio da rua vazia
A que não nega o colo e a embriaguez da liberdade absoluta

Quando a luz cintilante rasga a escuridão
é que eu me reconheço
e me desembaraço de qualquer casulo.
-Eu não sei negar o beijo febril que a noite me oferece-

Não sei desdenhar dos gritos adolescentes que atravessam minha janela ás quatro da manhã,
se também é minha a voz que grita ao mundo
Eu sou esse agudo, esse improviso,
sou esse algo que aqui se agita e quer sair e eu nem sei se o conheço...

Me sinto como nunca, nessas horas em que a vida anoitece pra eu logo amanhecer.
Risco, lampejo, poetizo, grito e emudeço.
Mas é bom lembrar, antes de enlouquecer:
Tem gente que vê bonito onde o mundo só vê avesso.


domingo, 7 de abril de 2013

Era como se algo me sussurrasse bem mansinho: Vai, voa. Você pode ser feliz.
E de tão feliz que me sentia, quis engolir a felicidade, pra que ela não me fugisse num disparo. Tão grande era ela, que engasguei.
Anda.Vem buscar essas lágrimas rasas de alegria que você deixou aqui, ancoradas nos meus olhos....


sexta-feira, 5 de abril de 2013

Eu lembrei de umas promessas que fiz entre os goles de uma bebida amarelo-prateada, na mesa de um bar mal iluminado. Era um roteiro redundante aquele, então quis me apressar. Sabia do suicídio declarado das minhas palavras, que nunca querem chegar ao fim da linha e se lançam logo. Então antes que seja tarde eu preciso te dizer: fica. Mesmo que. Ainda que. Mesmo quando. Fica.
E por favor, perdoe o meu pensamento rápido, a estupidez desses dedos que já nao me acompanham o passo, e tudo o que se perde nesse tempo espaço em que penso e te escrevo. 
Eu inventei umas lembranças que me acolhem nos braços enquanto eu espero voce chegar pra me reinventar de um jeito leve. 
Eu risquei na minha pele os seus passos abafados pra te sentir entrando, pra te sentir ficando, de um jeito tosco e febril, que sempre me desperta. 
   
(Eu tenho tatuado em mim um algo que só voce consegue ver, embaixo do meu vestido, embaixo da minha pele, dentro de onde eu faço sentido. Nenhum cinza me alcança e aqui o conta-gotas me transborda. Esse aqui, lugar em que me encerro quando fecho os olhos e existo...só existo.)

Precisava te dizer, ainda que saiba que o meu silêncio te diz muito mais. Eu me perco nessa toda confusão, mas algo aqui não me confunde. Sei bem do que hoje me faz vontade. Quero te dizer mais uma vez, da altura do desconhecido em que me lanço e em que você sempre me alcança. Fica.
Ainda assim, apesar de, ainda que. Você fica? 

quinta-feira, 4 de abril de 2013

Delirium de Gaiman, para delírio meu

Era doente o meu coração quando voce chegou, semente, e se fez logo flor.
Agora o seu rosto é o que me vem quando tudo aqui transborda. E transborda sempre, nesse sempre-agora.
Me sinto plena de suavidade. Sinto mesmo tudo muito doce nesse cinco de abril.
Me sinto muito, hoje. Te sinto mais.
A verdade é que já não sei onde começo e onde termino quando inunda os meus ouvidos a tua voz (e como embaraça os meus sentidos!)
Me sinto girando em torno do sol que é  você...
Meu coração agora sorri, enquanto eu assovio uma canção do Chico.
É você e o seu riso largo, toda essa melodia.

quarta-feira, 3 de abril de 2013

Me sinto viva. É como se fosse meu esse momento: a parede descascada, o ranger da porta ao lado, o piso frio de ceramica. Respiro. O perfume. O gosto. A escuridão.
O cabelo molhado que esfria o meu rosto é a minha sensação de liberdade. Meus esmaltes ja pela metade, a perna cruzada, os olhos cheios que eram vazios, isso sou eu.
Me sinto um quadro com camadas espessas de tinta. Amarelo. Azul. Vermelho. Vermelho...
Sou nota de flauta doce, sou corda arrebentada de um violão velho, sou metal que tilinta e a maciez da madeira. Sou mata fechada, o íngreme da ladeira, sou o palpitar de um coração apaixonado.
Sou quente, sou aquela respiração entrecortada, sou vela derretida e onda quebrando - não deixando de ser nunca a madrugada densa e calma.
Hoje me busco e me ganho - dia a dia - com riqueza de detalhes...