sexta-feira, 31 de agosto de 2012


Queria te dizer do amornamento bom que eu tive no peito quando te escutei falar. - A sua voz era a voz do mundo, minha vida; do meu mundo devastadamente seco se molhando de chuva fresca e viva.



Eu me roí de dentro pra fora, fui canibal de mim mesma, essa noite. Na ânsia de me machucar o quanto te machuquei foi que eu sangrei minhas entranhas, mordi a minha língua, me revirei do avesso até ficar completamente vulnerável. Sofri, amor, sofri. Então virei e dormi ali, nua, bem em cima da sua ausência.

terça-feira, 28 de agosto de 2012

redemoinho

Meu olhar me olhando, sou eu olhando o meu olhar me olhando, que olha aquele olhar medonho, que insiste em manter o olhar. O Olhar que me olha do olho que é meu, é meu olhar entrando no olho que é o meu olho, que olha o olhar que me olha. -Direto e fundo- mantenho o olhar.
Algo me despertou daquela letargia. E eu pude ouvir em uníssono, corpo e alma pedindo paz.
Eu vivia uma paz criada e insuficiente. Algo impuro usando uma auréola de metal presa às asinhas de isopor.
Uma sensação de haver um emaranhado de angústias adormecidas me tornando quase chumbo quando eu só queria ser nuvem, ainda que cumulonimbus.
Então eu quis, e quis de verdade, trocar minhas roupas todas por brancas, tirar a maquiagem, esquecer os sapatos no armário. Eu quis -eu precisava, sabia desde sempre- aquela paz de verdade.
Foram tantas incontáveis vezes que me deixei agir como um animal instintivo, e pior, administrei meu orgulho em doses cavalares e corriqueiras. Eu queria mais e tinha sempre menos. Me sinto DURA, ENRIJECIDA.

Preciso de algo que me tome por inteira- hoje sou só fragmentos...

quarta-feira, 22 de agosto de 2012

Não me venha falar de nó-aperto algum, como se como irmão eu não o reconhecesse. Do que vivi no amargo daquela vida toda, você só sente o cheiro; é o ocre da peixaria que voce não sente enquanto come seu badejo no jantar, é a maresia que descama a pintura do seu carro mas você não sente o sal, se passa a língua nos lábios.

-Palavra por palavra, lágrima por lágrima, até que tudo aquilo houvesse acabado e dentro de mim só restasse osso, ar, escuro.-----------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------