o punho vai e vem afoito, os dedos se entrelaçam, a ponta se esfarela no papel e marca.
e vão surgindo de um breu branco, como se desafogando.
coroa a mão, que segura a borda e força o nascimento;
emergem os braços, os apêndices, os tons de preto
o cabelo se mostra caindo no ombro ainda inexistente
se é tímida, hachuro as bochechas e são rosadas. ou as rugas, os pêlos, a raiva.
traço os cílios, molho os lábios, enfio o vestido entre as pernas.
exibo, inclino, insinuo, traduzo
e sai de dentro de mim uma idéia vestida.
- impressões veladas se multiplicam e me dividem numa mitose perfeita -
o criador e a criação.
sexta-feira, 4 de dezembro de 2009
segunda-feira, 5 de outubro de 2009
atemporal
se for pra eu ficar, que eu fique!
mas que essa demora não me mate enquanto espero...
e se for pra ir, que eu mesma não mate
o hoje, o agora, o sensacional fio do momento
de que a vida se faz,
de que eu me faço enquanto escrevo.
mas que essa demora não me mate enquanto espero...
e se for pra ir, que eu mesma não mate
o hoje, o agora, o sensacional fio do momento
de que a vida se faz,
de que eu me faço enquanto escrevo.
domingo, 27 de setembro de 2009
"Uma poesia ártica,claro, é isso que eu desejo.
Uma prática pálida,três versos de gelo.
Uma frase-superfície
onde vida-frase alguma
não seja mais possível.
Frase, não, Nenhuma.
Uma lira nula,
reduzida ao puro mínimo,
um piscar do espírito,
a única coisa única.
Mas falo. E, ao falar, provoco
nuvens de equívocos(ou enxame de monólogos?)
Sim, inverno, estamos vivos. "
Leminski
Uma prática pálida,três versos de gelo.
Uma frase-superfície
onde vida-frase alguma
não seja mais possível.
Frase, não, Nenhuma.
Uma lira nula,
reduzida ao puro mínimo,
um piscar do espírito,
a única coisa única.
Mas falo. E, ao falar, provoco
nuvens de equívocos(ou enxame de monólogos?)
Sim, inverno, estamos vivos. "
Leminski
É noite, é dia, a madrugada me cobre fria e densa
meus olhos pesam mas não fecham,
um vazio enjoativo e oco impede o meu descanso..
buscaria conforto numa garrafa de vinho,
mas a geladeira está vazia, a casa está vazia, o silêncio está...
estou aos pés da cama, estou aos pés do mundo
o momento é delicado
queria ter a chance de dizer, com todas as letras, o que me tortura
mas não vejo a face do problema, de onde vem, e o que pretende
eu sei, já percorri caminhos longos como esse
mas o tempo passou, e agora é demais! me sinto tão cansada...
sou filha da indecisão que me gera, me aninha, me impede de partir
e é tão limitante, tão desgastante, tão fundo demais...
quero pôr os pés no chão!
preciso sair, me convencer que o momento é agora
porque no fundo eu sei:
a vida não espera a gente ter certeza de nada,
ela é um ônibus de domingo
você espera um tempão, e quando ela passa, já foi embora...
meus olhos pesam mas não fecham,
um vazio enjoativo e oco impede o meu descanso..
buscaria conforto numa garrafa de vinho,
mas a geladeira está vazia, a casa está vazia, o silêncio está...
estou aos pés da cama, estou aos pés do mundo
o momento é delicado
queria ter a chance de dizer, com todas as letras, o que me tortura
mas não vejo a face do problema, de onde vem, e o que pretende
eu sei, já percorri caminhos longos como esse
mas o tempo passou, e agora é demais! me sinto tão cansada...
sou filha da indecisão que me gera, me aninha, me impede de partir
e é tão limitante, tão desgastante, tão fundo demais...
quero pôr os pés no chão!
preciso sair, me convencer que o momento é agora
porque no fundo eu sei:
a vida não espera a gente ter certeza de nada,
ela é um ônibus de domingo
você espera um tempão, e quando ela passa, já foi embora...
sábado, 26 de setembro de 2009
reorganiza mente
descobri o meu talento pra loucura à beira da impaciência,
em meio à desordem crescente do meu calendário.
tentando fugir, querendo não ser mais, não ser...
é tanto desencontro que eu rodopio na incerteza.
o fim só pode ser triste quando não se segue a vontade?
ah, quanta melancolia!
seguiu um sonho e acabou assim, branco de cera
envenenado, traído pela sensação de liberdade...
abro os braços, cerro os olhos, envolvo o vazio confortável.
se é amanhã, quem sabe, um talvez, não importa!
sei que não demora...
o que me pede um pouco mais
vem de dentro,
ou vem de fora?
em meio à desordem crescente do meu calendário.
tentando fugir, querendo não ser mais, não ser...
é tanto desencontro que eu rodopio na incerteza.
o fim só pode ser triste quando não se segue a vontade?
ah, quanta melancolia!
seguiu um sonho e acabou assim, branco de cera
envenenado, traído pela sensação de liberdade...
abro os braços, cerro os olhos, envolvo o vazio confortável.
se é amanhã, quem sabe, um talvez, não importa!
sei que não demora...
o que me pede um pouco mais
vem de dentro,
ou vem de fora?
quinta-feira, 24 de setembro de 2009
Delírio de Neil Gaiman
diz que vai pela esquerda,
que não mede, que transborda;
exala arte contemporânea
e bossa nova.
sei que nela o bem reside,
engraçada, ou triste,
mas sempre atenta.
sua presença é fresca e leve
é mutável, perpétua
que não mede, que transborda;
exala arte contemporânea
e bossa nova.
sei que nela o bem reside,
engraçada, ou triste,
mas sempre atenta.
sua presença é fresca e leve
é mutável, perpétua
doce e rara!
vive mais pra dentro que pra fora...
sua poesia alimenta a alma de quem lê,
de quem vê, de quem a sente.
ela vê o mundo de um jeito único
dos seus olhos salpicados de estrelas,
um azul, o outro verde.
nada demais...
Era um trigal, uma mulher, e tanta nostalgia.
uma saudade do que não conheço se apossou de mim como sendo minha de fato – e era?
Cigarro queimando entre os dedos, papel queimando ao alcance dos olhos.
O céu no chão
Tudo baixo e de repente, tudo alto
explodindo em inconstância
O primeiro do dia me trouxe uma angústia latente
querendo extravasar.
O carro foi como que seguindo sozinho, sem estrada,
sem remédio
(que me queima por dentro, que será que me dá?)
Eu só queria alcançar um pouco mais fundo,
O fundo de tudo que é verdade.
Mas acabo saindo pela tangente, e me perco nos, também meus,
dias brancos demais.
uma saudade do que não conheço se apossou de mim como sendo minha de fato – e era?
Cigarro queimando entre os dedos, papel queimando ao alcance dos olhos.
O céu no chão
Tudo baixo e de repente, tudo alto
explodindo em inconstância
O primeiro do dia me trouxe uma angústia latente
querendo extravasar.
O carro foi como que seguindo sozinho, sem estrada,
sem remédio
(que me queima por dentro, que será que me dá?)
Eu só queria alcançar um pouco mais fundo,
O fundo de tudo que é verdade.
Mas acabo saindo pela tangente, e me perco nos, também meus,
dias brancos demais.
quarta-feira, 23 de setembro de 2009
por que, Deus, tão complementares?
ah, o quão surpresa poderia eu estar?
eu sempre soube que não bastaria,
haveria ainda de ver tanta tristeza!
alagados, tão baixos , maltrapilhos
não pude lê-los, os olhos que eu via.
calei a vontade de gritar
te quero bem!
ficou a beleza do dito pelo não,
mas tão triste, meu Deus
tão!
terça-feira, 22 de setembro de 2009
Look
'Every streetlamp
Seems to beat a fatalistic warning
Someone mutters
And the streetlamp gutters
And soon it will be morning
Daylight
I must wait for the sunrise
I must think of a new life
And I musn't give in
When the dawn comes
Tonight will be a memory too
And a new day will begin'
Seems to beat a fatalistic warning
Someone mutters
And the streetlamp gutters
And soon it will be morning
Daylight
I must wait for the sunrise
I must think of a new life
And I musn't give in
When the dawn comes
Tonight will be a memory too
And a new day will begin'
segunda-feira, 21 de setembro de 2009
Acabo de ser invadida por cores que há tanto não me habitavam;uma explosão arrebatadora, veio como uma onda na maré baixa, como o pássaro que passa sozinho e rasante no céu todo nublado. Foi como mudar uma vírgula de lugar, transformando um texto qualquer em poesia.
Eu até me sinto pairando no ar, mas sem dores, sem agonias, tal qual uma flor desnuda que se arremessa sem medo do que desconhece, e acaba encontrando um reconhecimento num explicar sem razão.
Meu sorriso mais sincero se abriu, e permanece.
Uma sensação de frescor me veio, levou o ar pesado que insistia em me rondar - como uma brisa de fim de tarde, como sentada à beira-mar.
Eu até me sinto pairando no ar, mas sem dores, sem agonias, tal qual uma flor desnuda que se arremessa sem medo do que desconhece, e acaba encontrando um reconhecimento num explicar sem razão.
Meu sorriso mais sincero se abriu, e permanece.
Uma sensação de frescor me veio, levou o ar pesado que insistia em me rondar - como uma brisa de fim de tarde, como sentada à beira-mar.
sexta-feira, 18 de setembro de 2009
recheio cheio
Sim, será sempre o mesmo fim. Faça o que fizer, o mesmo fim será. Acostume-se. Conforme-se. Faço que sim, dou meia volta e me (re)esclareço: começo e fim serão sempre os mesmos. É como pão e katchup.
terça-feira, 15 de setembro de 2009
o outro extremo da reta
desatamos laços que eram tanto, e entretanto se foram com uma facilidade típica das coisas mais efêmeras. nem mendigados, nem doloridos.
o escuro me perseguiu e eu o segui sentindo os olhares que me julgavam.
tive medo, tive ainda mais raiva do que medo,mas hoje só a decepção não seca.
mas eu fui e você se foi pra onde eu já não te alcançava, me gritou o sentimento mais belo em seu sentido negativo. eu não o reconhecia mais.
desatamos nós, pai, aqueles laços.
o escuro me perseguiu e eu o segui sentindo os olhares que me julgavam.
tive medo, tive ainda mais raiva do que medo,mas hoje só a decepção não seca.
mas eu fui e você se foi pra onde eu já não te alcançava, me gritou o sentimento mais belo em seu sentido negativo. eu não o reconhecia mais.
desatamos nós, pai, aqueles laços.
conta-gotas
Preto. tela de espera. inércia. latência. impossibilidades.
possibilidades demais. quero-as todas.
densidade. sândalo vindo do quarto ao lado. tecido leve sobre a pele. um vazio que de tão vazio não é nem dor.
a falta de sentir, de qualquer natureza, acostuma a alma a se encolher.
possibilidades demais. quero-as todas.
densidade. sândalo vindo do quarto ao lado. tecido leve sobre a pele. um vazio que de tão vazio não é nem dor.
a falta de sentir, de qualquer natureza, acostuma a alma a se encolher.
sexta-feira, 21 de agosto de 2009
Quero uma pausa.
E que dure o tempo miúdo de um lágrima que escorre, mas que seja válido.
Não é um querer, apenas.
Onipotente, se impoe e cria espaço entre meus dias, meus minutos,frendo com seus dedos macilentos os meus quadris.
Puxa a barra da da minha saia, quase maternalmente.
É uma força que exige de mim ser bebida em um gole só pra não virar aquela angústia latejante que conheço bem.
Não é um querer, apenas.
Onipotente, se impoe e cria espaço entre meus dias, meus minutos,frendo com seus dedos macilentos os meus quadris.
Puxa a barra da da minha saia, quase maternalmente.
É uma força que exige de mim ser bebida em um gole só pra não virar aquela angústia latejante que conheço bem.
domingo, 2 de agosto de 2009
quarta-feira, 29 de julho de 2009
.. e acima de tudo a falta de olhar aquele céu que era meu.o olho que de tão aberto e que de tanto olhar vê tudo derretendo, e liquefazendo, e borrando cor com cor, sombra sem sombra; delineado crú.eu nunca senti tanta lucidez, nem nunca doeu como hoje aquela verdade... e de verdade, de nada adianta a liberdade se não se tem pra onde ir.e é por isso que lucidez em preto e branco a gente pega,
amassa, e
joga
no
l i x o.
amassa, e
joga
no
l i x o.
terça-feira, 28 de julho de 2009
do que nem foi e que já era
[...] se é feito em você qualquer coisa que não seja feito um nó
eu me pergunto.
da esquina de uma contra mão, pé ante pé eu vou margeando os sonhos que eram nossos -e já nem me segues.
Não procure mais em mim qualquer vestígio daquela doçura (ela era tua e não vias!)
Não se roce, não fuce com teu corpo os meus quatro cantos - vazios
Não se convença!
Não busque a minha voz, retinta, restrita. (não, já não ecoa nos meus ouvidos a tua -e ainda me minto)
Não cante o meu amor na penumbra-tumba, na aurora-hora da minha demora,
não me cante em outros carnavais.
Não ouse derramar lárgrima tardia!
que chaga de ácido tinham todas que derramei por ti, e não vias.
eu me pergunto.
da esquina de uma contra mão, pé ante pé eu vou margeando os sonhos que eram nossos -e já nem me segues.
Não procure mais em mim qualquer vestígio daquela doçura (ela era tua e não vias!)
Não se roce, não fuce com teu corpo os meus quatro cantos - vazios
Não se convença!
Não busque a minha voz, retinta, restrita. (não, já não ecoa nos meus ouvidos a tua -e ainda me minto)
Não cante o meu amor na penumbra-tumba, na aurora-hora da minha demora,
não me cante em outros carnavais.
Não ouse derramar lárgrima tardia!
que chaga de ácido tinham todas que derramei por ti, e não vias.
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